Em mais um revés para o presidente da Líbia, Muamar Kadafi, embaixadores líbios na França, na Unesco e em Portugal renunciaram, juntamente com o procurador geral da Líbia e um assessor primo do líder.
Salah Zaren e Abdul Salam el-Galali, embaixadores da Líbia na França e na Unesco, respectivamente, uniram-se aos opositores ao regime de Kadafi. "Condenamos firmemente os atos de repressão, manifestamos nossa unidade com o povo e o apoio à revolução", disseram na frente à embaixada em Paris, em uma declaração lida em árabe e em francês. Na frente da embaixada há cerca de 30 opositores líbios, que ameaçam um suicídio coeltivo se a polícia tentar dispersá-los. Os manifestantes retiraram a bandeira do país, substituindo-a pela usada antes de 1969, quando teve início o regime de Kadafi.
O embaixador líbio em Portugal, Ali Ibrahim Emdored, também deixou o governo de Kadafi. À Associated Press ele disse que resignou em protestos às mortes causados pelo "regime fascista" de Kadafi. "Eu não quero representar pessoas que estão matando meu povo", acrescentou.
Foto: AFP
Manifestante líbio segura a ex-bandeira nacional do país durante manifestação em Tobruk
Ao condenar a repressão às manifestações opositoras, o procurador-geral da Líbia, Abdelrahman Al Abar, renunciou ao cargo em protesto. "Há um derramamento de sangue nunca vivido pelo povo líbio em toda sua história", afirmou Abar em sua declaração.
Kadhaf al-Dam, assessor e primo de Kadafi, apresentou renúncia enquanto o regime vem perdendo ocontrole de cidades para mãos opositoras. Ele pediu o “fim do banho de sangue e o retorno da razão para preservar a unidade e o futuro da Líbia". O primo do ditador, segundo o gabinete de Kadafi, era responsável pelas relações Egito-Líbia, entre outras funções, e possui uma residência no Cairo.
Em Genebra, diplomatas nas Nações Unidas declararam união aos opositores. Em uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, um diplomata sênior da delegação líbia pediu um minuto de silênvio para “honrar essa revolução”, antes de informar ao conselho que toda a missão líbia estava deixando o governo de Kadafi.
“Os jovens em meus país hoje, 100 anos depois da invasão italiana fascista, estão escrevendo com seu sangue um novo capítulo na história de esforço e resistência”, disse o diplomata Adel Shaltut ao conselho composto por 47 nações. “Nós na missão líbia decidimos, categoricamente, servir a representantes do povo líbio”.